ÁREAS DE ATUAÇÃO

Câncer de próstata

O câncer de próstata é o segundo tumor mais frequente em homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Apresenta aumento do número de casos nos últimos anos, justificado parcialmente pela melhoria de exames diagnósticos, informação da população e aumento da expectativa de vida. Apesar de ser um tumor de evolução lenta na maioria dos casos, pode progredir para fora da próstata e acometer outros órgãos, principalmente ossos. No Brasil, é a segunda causa de morte por câncer na população masculina, atrás apenas do tumor de pulmão.

O que é a próstata?

A próstata é um órgão do sistema reprodutor masculino responsável pela produção de fluidos seminais que atuam na nutrição dos espermatozoides. Está localizada no interior da pélvis, à frente da porção final do intestino grosso e logo abaixo da bexiga. Possui íntima relação com o trato urinário, uma vez que a uretra, canal responsável pela eliminação da urina, atravessa o interior da próstata. Em adultos jovens tem o tamanho de uma noz e pesa cerca de 20 gramas. Com o avanço daidade, tende a aumentar de volume e pode gerar sintomas relacionados à obstrução urinária, com impacto na qualidade de vida do homem.

Fatores de risco

- Idade:

A idade é um fator de risco importante. O câncer de próstata é extremamente raro antes dos 40 anos e tem aumento da incidência a partir da quinta década de vida, sendo que a maioria dos casos são diagnosticados em homens com 65 anos de idade ou mais.

- Alterações genéticas:

Algumas síndromes hereditárias, como a mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 estão associadas a risco elevado de neoplasia maligna prostática. Nestes casos, a doença geralmente possui comportamento mais agressivo e acomete pacientes jovens, a partir dos 40 anos.

- Hábitos de vida:

Alguns estudos apontam que a obesidade, dieta gordurosa e até mesmo o consumo de álcool podem elevar o risco de câncer de próstata. Estes fatores ainda são controversos e requerem evidências científicas mais robustas.

- História familiar:

Possuir histórico familiar de câncer de próstata, principalmente se presente em parentes de primeiro grau, eleva em duas vezes probabilidade de desenvolver a doença. Caso o parente acometido seja irmão ou se houver vários casos na família, o risco é ainda maior.

- Raça:

Homens negros são mais acometidos e podem apresentar progressão da doença mais rapidamente.

Rastreamento

O rastreamento possibilita a detecção precoce do câncer de próstata, aumentando as chances de sucesso do tratamento. Este é realizado através de avaliação clínica e realização de exames, como a dosagem do PSA (antígeno prostático específico) e toque retal.

A avaliação anual pelo urologista é indicada para homens com mais de 50 anos. Em indivíduos negros ou história de câncer de próstata na família, o rastreamento deve iniciar antes, a partir dos 45 anos.

Diagnóstico

Frente à suspeita de câncer prostático, através da alteração do PSA ou do toque retal, prossegue-se a investigação com exames complementares, como ressonância e até biópsia da próstata.

A ressonância magnética da próstata é útil na maioria dos casos, possibilitando avaliação mais precisa da anatomia prostática e de possíveis áreas suspeitas para tumor, auxiliando na orientação de eventual biópsia por fusão, estadiamento da doença e programação do tratamento.

A biópsia é o principal método para confirmação da existência do câncer. Através da ultrassonografia frequentemente por via retal e sob anestesia, retiram-se vários pequenos fragmentos da próstata com uma agulha especial, que são submetidos ao exame anatomopatológico. A infecção é uma complicação relativamente comum, minimizada com o uso de antibióticos profiláticos e, mais recentemente, com a biópsia por via transperineal. Outras complicações menos importantes, como sangramento ao urinar ou ao ejacular, apresentam resolução breve e espontânea.

Estadiamento

Uma vez confirmado o câncer de próstata, é necessário estimar sua agressividade. Para isto, o urologista utiliza três dados principais:
 
– Valor do PSA: Maior a probabilidade de doença avançada quanto mais alto o PSA
 
– Escala de Gleason revisada, graduada em grupos prognósticos de 1 a 5:  Os grupos 1 e 2 tendem a apresentar evolução lenta, enquanto os outros são mais agressivos.
 
– Alterações do tumor identificadas pelo toque retal ou ressonância, podendo-se prever doença confinada à próstata ou com extensão para estruturas próximas
 
Estas informações adicionadas às características de cada paciente possibilitam a definição do tratamento de forma individualizada.

Tratamento

A definição do tratamento do câncer de próstata depende do comportamento da doença, além do estágio em que foi diagnosticado. A probabilidade de cura é alta em caso de diagnóstico precoce.

Vigilância ativa: Caracterizada pelo acompanhamento com exames periódicos, de forma criteriosa, sem intervenção terapêutica. É indicada para tumores pequenos e pouco agressivos, que apresentam potencial muito baixo de evolução.

Prostatectomia radical: Consiste na cirurgia para remoção da próstata e vesículas seminais. É um tratamento altamente eficaz e seguro, realizado de forma convencional ou por via minimamente invasiva. A cirurgia robótica, utilizada de rotina em nosso serviço, promove grandes benefícios para o paciente, como menor sangramento e mínima chance de transfusão sanguínea, menor tempo de internação e permanência de sonda vesical, menor dor no pós-operatório e retorno precoce às atividades habituais. Vários estudos também demonstram ganhos na preservação da continência urinária e da função erétil com o uso da cirurgia robótica.

Radioterapia: Pode ser empregada de forma externa, quando o tumor da próstata é tratado por campos de radiação direcionados através de exames de imagem, com sessões de tratamento em dias úteis e duração próxima a oito semanas. A radioterapia interna, conhecida como braquiterapia, é realizada em um único dia, através do implante de sementes radioativas no interior da próstata, sob anestesia. O advento de técnicas modernas como a IMRT (radioterapia de intensidade modulada) minimizou possíveis complicações como a inflamação do reto e bexiga, porém ainda presentes em cerca de 10% a 15% dos pacientes.

Tratamento sistêmico: Indicado em geral de forma paliativa, quando o tumor infiltra tecidos ao redor da próstata ou houve disseminação para órgãos à distância. Várias classes de tratamento são utilizadas, como a hormonioterapia, quimioterapia e imunoterapia.